6 juin 2008

que manhã mais vazia. nem milagres nem mil lágrimas.
o fato é que eu acho que sequei, as coisas não vão nada bem e continuo completamente apática. a sorte é que não vai ser sempre a mesma coisa, não é? em dois ou três dias, quando malone morrer, talvez eu possa respirar um pouquinho, abrir a porta, um pé na frente do outro, sendo levada para qualquer lugar que eu quiser pelos meus sapatos favoritos -- aqueles floridos, com cadarços leves que se movem como braços de um polvo cor-de-rosa (não, não é preciso que sejam eles, bastam que sejam sapatos, não importa quais, afinal eu vou acabar chegando em algum lugar de qualquer forma).
but there's nowhere to go but down.
oh, seja. tudo menos continuar aqui, as horas andam esticando-se além dos séculos, seus longos pescoços a espiar tudo de cima, como girafas -- e houve aquele dia, há um milhão de anos trás, não se lembra, quando as girafas deixavam-se explodir em purpurinas e jujubas, de tão felizes que estavam. ás vezes é assim mesmo, quando se está muito feliz com alguma coisa: explodir não parece nada mal, nada parece mal demais.
mas logo o silêncio cai como um véu sobre todas as coisas novamente, e a terra se põe a girar novamente, e é preciso levantar e abrir a porta novamente, e fazer coisas novamente e então tudo aquilo se torna tão oco.
ah sim, mas o que estou dizendo? é que foi uma manhã muito vazia, muito mesmo, e um dia desses, as coisas serão mais vazias e eu vou me espreguiçar em uma cadeira, e inventar sentidos para cada palavra escrita, e dizer, recalcando ao máximo (porque as coisas que passaram nunca parece tão ruins), dizer bem assim, nossa, mas que manhã terrível foi aquela; tão vazia, não foi? quase deixei de existir.
mas aí já vai ser tarde, não vou existir mais nem uma gota.